Thursday, May 13, 2010

ESCREVO PORQUE PRECISO

Quando cheguei a São Paulo, há quatro anos, fazia um frio de doer a alma. Lembro que eu usava um casaco azul, leve demais, como que para peitar a hostilidade urbana que me recebia gelando a pele. Eu levava uma mala grande, cheia de roupas do passado, mas a bagagem mais pesada não fazia parte da vida pregressa, mas da que ainda estava por vir. Pesavam as expectativas, o medo e, sobretudo, a vontade de imprimir minha marca na cidade cinzenta. Eu só queria oportunidade para contar a vida dos outros pelo meu olhar e, os quarenta e cinco dias de emprego garantido que tinha, acabaram se estendendo até eu me misturar à poeira da cidade.

Hoje, depois de muitas histórias contadas sob inúmeros olhares que descobri ter, ainda me pergunto qual o propósito de andar entre essas ruas e sentar-me à frente de um computador todos os dias. Penso no que poderia ser se tivesse feito escolhas diferentes e, esses inúmeros caminhos possíveis, me perguntam se estou construindo a Ana que quero. Talvez não haja resposta porque a vida é feita mais de subjetividades temporárias que de certezas atemporais.

Diante das questões inevitáveis trazidas pelo tempo, as palavras me consolam. Escrever ainda é o modo mais eficaz de me traduzir e de sobreviver. Desde que aprendi o ofício, o mundo tornou-se mais palatável. É assim que faço a digestão dos dias que se seguem. Quando me sinto só, independentemente de estar numa multidão ou na escuridão do quarto, basta pensar que ainda existe assunto, papel e caneta nesse mundo. É só o que preciso para construir quantos outros mundos eu quiser.

Monday, February 09, 2009

MAMÃE MARILYN

Enquanto ela estava na cama de um hospital eu enrolava seus cabelos amarelados com os dedos e a chamava de Marilyn Monroe. Ela sorria. É estranho não poder mais ligar para aquele número usual, dizer: "Alô" e ouvir "Oi, filhinha", de volta. A carderneta de telefone dela está em minhas mãos, com nomes de doutores das mais variadas especialidades porque ela passou um ano tentando descobrir o que tinha. Só disse que estava passando muito mal quando já era tarde demais, quando só pudemos cuidar da alma que se esvaía pelas dores que sentia. Minha mãe... Trabalhadora como tantas brasileiras o são. Morava na periferia de Belo Horizonte e gastava mais de meia hora puxando cabelos difíceis na escova para ganhar R$10. E mesmo assim, de dez em dez, ela fazia a vida naquele salãozinho simples e tentava ser feliz. Mamãe Marilyn era estudiosa. Na parede da casa, mais de trinta cursos de cabeleireira. O retorno financeiro não vinha porque a clientela era pobre, mas acho que ela estudou para encher a mente, não o bolso. Lembro dela fazendo beijinho de coco, cajuzinho, pão frito, pizza de atum... Lembro dela cantando canções religiosas antes de eu dormir e que voz ela tinha! Sorriso fácil, cabelo curto, cada hora de uma cor e eu não sei o que ela procurava com tanta mudança... Quem sabe um grande amor? Vinte e cinco anos depois de me por no mundo, eis que ela se foi, rodeada por flores brancas das quais eu não sei o nome. As mãos estavam dobradas, uma por cima da outra, e havia uma tela fina que não me deixava mais enrolar os cabelos amarelados que deixaram de ser rebeldes com o tempo. Minha mãe se foi, mas ainda fica. As cadernetas, o colar de coração e as pulseiras são parte da herança que surrupiei da bolsa dela para tê-la comigo através dos pequenos badulaques que usava. Não são só os objetos que me lembram ela... A cada esquina que viro, a cada passo que dou, sinto os olhos verde-amarelados e a boca num meio sorriso à espreita. Quando olho no espelho, vejo parte dela refletida no meu amor pela vida, na minha inconstância natural. Não podemos nos falar e não ouvirei mais seus conselhos sobre a moral e os bons costumes. Nem aproveitarei mais daquelas mãos puxando os meus cabelos para fazer hidratação enquanto tentava me convencer a virar cobaia de algum corte que tinha aprendido. O CORTE. Cortaram o meu cordão umbilical mais cedo do que eu gostaria. E a minha Marilyn foi embora, vestida toda de rosa e com os lábios opacos. Hoje os meus olhos estão mais cinzas, reverberando palavras que ouvi durante uma vida. O TEMPO... É cruel e implacável, mas sempre o certo para o que precisamos aprender...
ps: por favor, perdoem, amem e beijem mais as suas Marilyns. Sempre. Elas fazem falta.

Monday, January 12, 2009

Feliz Ano Novo!

E já chegamos à metade do mês de janeiro, e nada foi postado até agora para dar boas vindas a este ano, que chega novo (óbvio) e cheio de expectativas.

A todos vocês, a todos nós... goianos, paulistas, cariocas, mineiros, um ótimo, um grande ano de 2009! Saibam vocês que 2008 foi um ano de grande mudanças e uma delas foi ter encontrado bons amigos (e nenhum paulistano - nada contra! só curiosidade) na terra da garoa.

A cada um desejos puros e impuros de saúde, sucesso, enfim: de toda felicidade do mundo. Porque a gente merece.

Grande beijo, até em você Breno. hahaha
FELIZ ANO NOVO! FELIZ 2009!

Tuesday, December 16, 2008

DANÇANDO

Amigos, esse final de semana foi muito importante. Depois de entrar numa nova escola de dança do ventre, eis que Dana, a minha professora, me lança um desafio: fazer um solo na apresentação de final de ano. Não tive tempo de ensaiar porque a correria da redação fica punk em dezembro. Mas consegui. E me apresentei nesse domingo, quase de improviso, só sentindo o que a música tinha a me contar. Breno e Lincon foram me ver, amei a presença deles, aliás. Saíram apaixonados pela Dana, que arrasou na coreografia que fez. Essa é uma das fotos da apresentação. Depois posto o vídeo para vcs verem. No mais, está tudo bem. Louca pra esse fim de ano chegar pra realizar meu pedido da meia-noite. Beijos

Saturday, November 01, 2008

VIOLÕES!!

Alê e Adriano! Como vcs fazem falta nessa bagunça!! Semana passada passaram uns violeiros por aqui: Castelli, Fábio, Feijola ou Beiçola (sei lá) e Lincon. Muito bom! Teve até "meu caminho é cada manhã", Alê... Chequem só!

Tuesday, October 07, 2008

SHORT ANOS 70, E AS NOTÍCIAS??

Caro Dri, como anda a vida em BSB? Muitos shorts anos 70 fazendo parte do seu armário? Ou a atmofera política do lugar não permite? Queremos saber qdo vem nos visitar... Pode trazer Maíra e apetrechos fashion, sem problemas. E o mestrado em moda (ops) em política latino-americana? Convocado para o próximo post! Bjs